quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Minha Língua




Número 88 · 6-19 de Julho de 2005 · Suplemento do JL, Nº 907, Ano XXV


A minha amorosa relação com a língua portuguesa

Ensinando a língua e a literatura portuguesa durante seis anos em universidades francesas, aprendi a conhecê-la em muitas das suas peculiaridades e segredos, sintáctica e semanticamente. Mas foi sobretudo no meu trabalho de escritor, como ficcionista e ensaísta, que pouco a pouco fui estabelecendo com ela uma cada vez maior intimidade amorosa.
Uma língua é um organismo vivo, sempre em mutação, com a sua índole, a sua psique própria, em permanente sintonia com as vicissitudes e as transformações do povo (ou dos povos) que a falam.
Para exprimir todos os matizes do pensamento e da sensibilidade das personagens que criei como romancista, em sua visão do mundo, mergulhei profundamente no âmago da língua portuguesa, na riqueza do seu léxico e da sua gramática. Fui conquistando um estilo meu, a minha língua de autor, e muito cedo descobri que a manipulação da palavra, certas formas de transgressão e inovação, certas metáforas e extensões de sentido fazem parte do ofício do romancista e do poeta. E que a analogia é uma fonte permanente de renovação da língua.
É claro que me doem certos barbarismos que hoje ouço constantemente e são fruto em boa parte dos movimentos migratórios do povo português e da subcultura da televisão, muito afectada pelo bom e sobretudo pelo mau das telenovelas brasileiras.
Tento por vezes corrigir aos meus alunos expressões como mete aí em cima da mesa, em vez de põe aí em cima da mesa, ou dá a ela por dá-lhe, que já são hoje correntes; bem como o desaparecimento da separação da preposição e do artigo no início de orações infinitivas (praticado mesmo nos jornais), como em se tiveres da alertar por se tiveres de a alertar. Há mesmo escritores com talento e nome firmado que cometem sistematicamente estes erros e outros similares.
Que quer isto dizer? Obviamente que é o povo que faz a língua e de pouco serve ir chamando a atenção da juventude (e não só) para tais desmandos linguísticos.
Ao fim e ao cabo, rendo-me a essa fatalidade. A nossa língua muda, como todas, de acordo com os processos culturais, políticos, económicos, a que estamos sujeitos. A cultura do neo-liberalismo económico é uma cultura medíocre, pragmática e niveladora por baixo. Mas a língua portuguesa, com todos os trambolhões que vai levando, continua digna de ser amada e a nossa mais autêntica prosa de ficção, a nossa poesia de hoje são bem a expressão disso, se descontarmos, é evidente, o fenómeno passageiro da inflação de produtos light, meros actos de fala "invertebrados".


Urbano Tavares Rodrigues (1923)
Disponível em http://www.instituto-camoes.pt


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Minha Língua

Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.

Vergílio Ferreira (1916/1996)
Disponível em
http://cvc.instituto-camoes.pt

sábado, 24 de janeiro de 2009

Apresentação (p/o portefólio)


Os meus afectos ...

irmão, amigos, amores, poesia, trabalho, casa, gato, fotografia, arquitectura, tango e dragões.


Duas coisas que gosto em mim...

saber não fazer nada; gostar de estar sozinha; saber quem sou.


Os outros acham que eu sou… criativa; intempestiva; trabalhadora


Do que me orgulho:

do meu carácter


Momentos felizes...

os da minha infância em África, cabelo comprido para usar tranças, usar vestidos, dias de chuva, estar sozinha, estar com os outros, quando conduzem por mim, ser surpreendida, tagarelar...e dançar , dançar, dançar…


Não posso voltar a ...

ser orgulhosa...e falar demais vezes demais.


3 filmes que vi muitas vezes:

Um Chá no Deserto, do B. Bertolucci
Azul, Kievslosky
Saraband, I. Bergman


Livros importantes na minha vida...

todos os do Milan Kundera, Padre António Vieira, Virgínia Woolf e Ricoeur. E toda a poesia de Jorge Luís Borges.


Os meus heróis:

Surfista Prateado, Hulk, Horácio, Mandrake, Gato das Botas e Peter Pan (desde sempre) e agora… o Battousai.


Não gosto de ...

sentir frio, velocidade excessiva, ler o Livro do Desassossego, não saber onde tenho as chaves, jantares sentados e compridos e…pessoas sem histórias de vida.


Projectos futuros ...

ir para Buenos Aires este Verão, ter um cão, aprender mandarim, ser mais corajosa, ser magra, fazer mais tatuagens, ter um bar numa praia na Califórnia e saber dançar mais e melhor o tango argentino.


Colecciono...

cartas, carimbos, dragões, canetas de tinta permanente e pessoas que gostam de mim.

Frases (do António Lobo Antunes)

“Um livro mau o escritor escreve o que quer, um livro bom o escritor escreve o que ouve nas vozes”.

“Queria que os meus livros fossem um vírus que permanecesse nas pessoas”.

...

Surpresa: a gentileza das pessoas
Paraíso: não contar os tostões, ir para Buenos Aires e dançar o resto da vida.
Branco: de vestir, de dormir e de casar.
Linhas: de bordar e dos comboios
Limites: as nossas competências
Animal: gato
Janela: as japoneiras em Janeiro
Silêncio: gato em casa
Fantasma: da Ópera
Altura: arquitectura

Como se faz um portefólio

Ler em Português


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

# 1


Fazemos hoje a inauguração do nosso blogue, que se apresenta! :)

Somos a turma A300 do curso EFA do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro e este blogue pretende ser um portefólio conjunto onde vários colaboradores darão conta das suas actividades, anseios e expectativas no âmbito do plano de formação e do PRA.
Contamos com a colaboração dos nossos visitantes, mas também dos formadores e colegas!
Sejam bem-vindos!